SÍNDROME DO OVÁRIO POLICÍSTICO X PRÉ-DIABETES
- Med&Co.
- 14 de abr. de 2021
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Quando se fala em Síndrome do Ovário Policístico (SOP), muitas pessoas pensam logo em ciclo menstrual desregulado e maior dificuldade em engravidar. Mas recentes estudos mostraram uma mutação em um gene, comum em mulheres com a síndrome, que as coloca em uma condição de predisposição quatro vezes maior para a intolerância à glicose (pré-diabetes) e desta para a diabetes mellitus tipo 2. Este estudo identificou o DLK1 como um gene que faz elo entre a SOP e a resistência insulínica.
Antes de começamos, é preciso entender o que é a SOP. Na medicina, palavra síndrome é o conjunto de sinais e sintomas que juntos formam uma condição clínica. Logo, no caso da síndrome dos ovários policísticos teremos de forma associada: irregularidade menstrual e o excesso de hormônios masculinos determinando aumento dos pelos, acne, queda de cabelo, etc. Além disso, no ultrassom dos ovários podem ser vistos os cistos, que nada mais são do que os folículos que formam os óvulos e que não conseguem se desenvolver de forma correta.
O citado estudo mostrou que o componente genético corresponde a cerca de 75% das causas de SOP, e o “defeito” nestes genes, que faz o elo entre a síndrome e a resistência insulínica, é a condição primordial para a diabetes. A perspectiva agora dos pesquisadores é entender como o gene DLK1 faz esta conexão entre tecido adiposo e hipotálamo.
O estudo avaliou 60 mulheres com diagnóstico de puberdade precoce central ou histórico de menarca precoce. Ao observar o sequenciamento genético, identificaram-se três tipos de mutações no gene e a comprovação de que alterações metabólicas como obesidade, intolerância à glicose, diabete tipo 2 e ovário policístico eram mais prevalentes naquelas com esta mutação. Os ovários têm receptores de insulina nas células responsáveis pela produção de testosterona. O aumento desse hormônio está diretamente ligado à presença de ovário policístico. Quando a insulina está alta, a liberação de testosterona também aumenta.
Mas a boa notícia é que é possível prevenir este quadro com reeducação alimentar e prática de exercícios físicos – dietas com baixo consumo de carboidratos e atividades de alta intensidade têm boa resposta na melhora da resistência insulínica –, além de um acompanhamento laboratorial na dosagem de glicose.

Dra Izabella Caldeira | CRM 72200 Médica pela Universidade José do Rosário Vellano (Belo Horizonte). Especialista em Saúde da Família pela UFMG. Pós-graduanda em Nutrologia pela Faculdade IPEMED de Ciências Médicas. Membro da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).
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